terça-feira, 27 de setembro de 2011

Homens quebram preconceito e aderem ao Pilates


Por Jorge Brandão
Prática garante força, flexibilidade, equilíbrio e até desempenho sexual.
Numa rua da Vila Olímpia (SP), executivos engravatados caminham a passos largos carregando mochilas. O destino é um endereço discreto na cobertura de um condomínio comercial. Diferente do que se possa imaginar, eles não estão atrasados para os compromissos de trabalho, indo para a malhação em uma academia ou buscando relaxar após o expediente. Lá funciona a sede de uma rede de academias de Pilates – atividade criada há 80 anos pelo alemão Joseph Pilates a partir de fundamentos do yoga, zen e técnicas gregas e romanas. Apesar de ter sido adotada primeiro pelas mulheres, a prática tem se popularizado entre os homens nos últimos anos.
“Os homens adoram pilates e o mercado tem crescido bastante”, conta Tim Fleisher, professor americano do Pilates StudioFit e instrutor internacional da Stott Pilates, centro reconhecido mundialmente. “Nos Estados Unidos por exemplo, a maior parte dos times de esportes profissionais tem estúdios especializados dentro de suas dependências”, diz. Praticado tanto com a ajuda de aparelhos (cadillac, chair, reformer e barril), como no solo com a ajuda de acessórios (mat), o Pilates fortalece os músculos abdominais mais profundos, chamados de ”core” pelos praticantes.
 Foto: Chico Audi/Divulgação
Homens procuram o Pilates por influência de companheiras. 

Algumas histórias demonstram que não é preciso ser atleta profissional para aderir ao Pilates. Marcelo Tavano, 35, foi praticante de artes marciais na adolescência e voltou a ter uma atividade física regular há dois anos. “Comecei a caminhar, depois a correr, e senti a necessidade de fortalecer a parte muscular.” Hoje Tavano faz atividades físicas seis vezes por semana. “ A idéia de ficar parado numa sala nunca me estimulou a fazer musculação. Conversando com amigos, soube que Pilates poderia ser mais indicado.” Aluno do Pilates Studio Fit há 10 meses, ele viu os resultados surgirem em pouco tempo e de forma equilibrada. “Depois de dois a três meses tive um desenvolvimento muscular harmônico”, conta o publicitário.
O advogado Gustavo Junqueira, 25, aluno de um estúdio na região da Avenida Paulista, joga futebol de três a quatro vezes por semana e também nunca gostou de academia. Ele destaca o desenvolvimento muscular balanceado como uma das vantagens do Pilates. Praticante há quatro meses, ele já nota melhoras consideráveis em seu condicionamento físico. “Melhorou minha resistência, flexibilidade e postura”, diz.
A prática também ajuda a prevenir lesões. Com a musculatura da barriga e abdome mais alongadas, é possível melhorar o controle do corpo. “Isso é o Pilates: focar no fortalecimento das extremidades e fortalecer o core”, conta Fleisher. O também publicitário Douglas Barbosa viveu “na gandaia” até os 37 anos. Nos últimos 25 anos, porém, ele pratica exercícios físicos regularmente. Mas o Pilates só entrou em sua vida há quatro anos devido a um problema de saúde. “Meu médico recomendou uma atividade mais tranqüila.” Segundo Barbosa, a perda de um pouco da capacidade aeróbica foi compensada por melhoras no equilíbrio, força e bons resultados cardiorrespiratórios. “Me sinto melhor aos 61, do que aos 57”, diz.
Segundo a instrutora Tatiana Kasahara, a maior parte de seus clientes homens descobriu o Pilates ao acompanhar as esposas ou por indicação médica. Ela diz que as principais vantagens são a redução de dores, o fortalecimento estético, a liberação de endorfina (comum a todas as atividades físicas) e até a melhora no sexo. O que Tim Fleisher confirma: “A razão para isso é que nós damos ênfase a um encaixe apropriado da musculatura pélvica. O controle dessa área pode levar a um aumento do prazer sexual.

Fonte: Época São Paulo.
Fonte: Revista Pilates

Raio X do Método Pilates

Para quem não gosta das agitadas aulas da academia, com um professor motivando os praticantes ao som de músicas ritmadas, o pilates é uma boa opção.

Imagem: Internet
A técnica, nascida na década de 20 com o objetivo de reabilitar soldados feridos, faz parte da ala zen das atividades físicas, ao lado do Yoga. Seu segredo reside na concentração e na respiração, que juntas possibilitam trabalhar a consciência corporal, flexibilidade e força com o objetivo de promover o equilíbrio físico e mental.
Democrático se adapta a crianças, jovens, adultos, idosos e até gestantes. “A ampla variedade de exercícios torna o pilates atrativo para pessoas de diversas idades e níveis de condicionamento físico”, explica Simone Przewalla, fisioterapeuta do Hospital Israelita Albert Einstein. Além disso, como o método vem se popularizando nos últimos anos, pode ser encontrado nas mais diversas academias e estúdios espalhados por todo o país.
Para aqueles que preferem praticá-lo em casa, a fisioterapeuta adverte: “Quem está começando precisa do acompanhamento de um profissional especializado”. Os veteranos no método já têm a experiência e a consciência corporal necessárias para realizar os movimentos em casa, o que não dispensa supervisão periódica. “O uso correto de cada parte do corpo, associado à respiração e à execução precisa dos movimentos, é de grande importância”, enfatiza Simone.
Os ganhos são globais, corpo e mente agradecem, e os resultados nas palavras de seu próprio criador não demoram a aparecer. Joseph Pilates dizia que, após as dez primeiras aulas o praticante sente que o corpo mudou; a partir da vigésima começa a ver as mudanças; e após a trigésima as outras pessoas passam a notá-las.
Escolha a sua modalidade
O método original contempla exercícios de solo, de parede e nos aparelhos. Com a evolução da prática, foram incorporados outros elementos, como as bolas suíças, o que originou o chamado pilates contemporâneo. As duas modalidades proporcionam os mesmos benefícios: ganho de força, flexibilidade, melhora da postura, equilíbrio, controle dos movimentos corporais e alívio do estresse.
Solo
Uma sequência de 34 exercícios de solo é realizada sobre um colchonete. O grau de intensidade dos movimentos varia de acordo com o nível dos praticantes.
Aparelhos
Os exercícios são realizados em aparelhos baseados em equipamentos hospitalares como camas e cadeiras de rodas. Entre eles estão:
Cadillac – espécie de cama com molas e barras onde se realizam diversos movimentos, tanto em pé quanto deitado.
Chair – aparelho semelhante a um banco de madeira em que se usam barras metálicas nas laterais e uma barra tipo “pedal” para fazer os exercícios.
Reformer – espécie de cama com sofisticado sistema de molas, correias e polias que possibilita mais de uma centena de exercícios, nas mais variadas posições.
Wall Unit – também conhecido como unidade de parede, é uma versão compactada do Cadillac.
Barrel – desenvolvido para trabalhar exercícios posturais, alongamento de pernas e abdominais. Assemelha-se a um barril na posição horizontal.
Acessórios
São utilizados apetrechos como a bola suíça, que pode ter de 45 a 90 centímetros de diâmetro, faixas ou rolos para realizar sequências de exercícios. A bola, por exemplo, pode ser usada como apoio para criar uma alavanca, tornando-se a superfície sobre a qual se realizam movimentos de torção, alongamento, flexibilidade. “O acessório desafia o equilíbrio e o domínio sobre o movimento por ser móvel, o que aumenta a concentração e o controle”, explica a fisioterapeuta do Einstein.
Para as futuras mamães
O método é adaptado para cada fase da gravidez: inicial, intermediária e final, além do período de pós-parto. “O foco é na estabilidade da musculatura postural e do períneo e no fortalecimento e alongamento suave dos músculos”, explica Solaine Perini, presidente da Associação Brasileira de Pilates.
Os movimentos ajudam a melhorar a circulação, principalmente nas pernas, e reduzem a tensão na parte superior das costas e nos ombros, ocasionada pelo aumento das mamas. “As técnicas de respiração também ajudam a respirar com mais eficiência, induzindo ao relaxamento e reduzindo de forma eficaz os níveis de cortisol, o hormônio do estresse”, diz Solaine.
Quem já praticava Pilates antes da gestação pode retornar à atividade após a liberação do obstetra, em geral no fim do primeiro trimestre. É fundamental consultar o médico para identificar possíveis contraindicações, como hipertensão, diabetes, cardiopatias ou problemas relacionados à gestação.
Cinco passos
Muitos dos movimentos executados no pilates são familiares aos praticantes de ioga, assim como as técnicas de respiração e concentração. Executá-los com precisão e manter o controle sobre eles são a base para uma prática eficaz e segura. O benefício vem com a qualidade dos exercícios e não com a quantidade.
1. Respire: para que os movimentos fluam naturalmente, é preciso inspirar na preparação do exercício e expirar ao executá-lo. A respiração torácica é fundamental por conta da contração abdominal necessária durante a prática.
2. Concentre-se: manter a atenção voltada para o grupo muscular solicitado proporciona o desenvolvimento da consciência corporal.
3. Mantenha o alinhamento: é essencial realizar os movimentos da maneira correta, encontrando o centro de equilíbrio do corpo. Isso aumenta a mobilidade e melhora o funcionamento do organismo como um todo.
4. Execute com precisão: manter a consciência corporal e o alinhamento são a chave para a perfeição nos movimentos do pilates.
5. Controle seus movimentos: esse é um dos grandes desafios do método. Cada um tem seu tempo para dominar o corpo e descobrir o próprio ritmo para executar cada exercício. É preciso persistência.
Como escolher o estúdio?
A recomendação da Associação Brasileira de Pilates é procurar profissionais com graduação em fisioterapia para reabilitação e condicionamento físico ou profissionais de educação física com formação em Pilates. “Também importante para quem quer começar a praticar, é buscar locais que ofereçam aulas individualizadas ou em grupos pequenos, para receber atendimento de qualidade”, ressalta Solaine Perini, presidente da entidade.

Fonte: www.hiae.br (Hospital Israelista Albert Einsten)
Fonte: Revista Pilates

sábado, 24 de setembro de 2011

EXPLOSÃO

"EXPLOSÃO É IMPULSO E FORÇA CONTROLADOS E PRECISOS. DANCE E REINVENTE O SEU MUNDO"
ANDRÉA ELAINE SECHINI

Pilates e Concentração

"Concentração é uma ferramenta para executar as tarefas mais difíceis com precisão e leveza" 
Andréa Elaine Sechini

Frases sobre Pilates : Movimento e Timidez

"Não se esconda por meio de movimentos tímidos e  truncados, mesmo sentido um pouco de hesitação, comece a buscar se expressar melhor. Lembre-se vida é movimento"
Andréa Elaine Sechini

Frases sobre Pilates: A Magia do Movimento

"Quando compreendemos que os movimentos corporais podem ocorrer mediante um gracioso jogo de intensões de nossos músculos e tendões, acessamos um estado de presença digno de mestres de Yoga e Artes Marciais"
Andréa Elaine Sechini

Frases sobre Pilates

"A leveza é algo que se conquista pela consciência dos eixos, dos planos, da força da gravidade e da intenção dos movimentos"
Andréa Elaine Sechini
foto do espetacular Lois Greenfield

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fazendo Poesia: Corpo e Movimento

"Há tantas possibilidades expressivas, há tantas formas de movimento em todos os seus planos, eixos e ritmos, que eu só compreendo não vivenciá-los quando se está em relaxamento ou meditação"
Andréa Elaine Sechini

Andréa Elaine Sechini

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Gratidão: Um mestre chamado Joseph Pilates

Um mestre chamado Joseph Pilates
"Graças a esse ser fantástico,  meu corpo, minha mente e minha vida melhoraram bastante, o suficiente para eu ser feliz" frase dita por uma aluna depois de 10 meses de sessões de Pilates. Ela disse isso enquanto olhava a foto acima dentro do studio. Achei bacana a situação e postei para compartilhar com vocês.
beijo a todos Andréa Elaine Sechini

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Controle Pilates

"Controle é um dos princípios do Pilates que devemos levar para toda a nossa vida. Devemos aprender a controlar nossos impulsos para que não recebamos impactos inespesrados que possam abalar a nossa estrutura"
Andréa Elaine Sechini (professora de Pilates e Yoga)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Fazendo Poesia - Pilates e Força

"Dureza não é força, nem na musculatura, nem em nenhum outro aspecto de nossas vidas. O Pilates nos ajuda a nos tornarmos cada vez mais fortes, de tal modo que o cotidiano fica mais leve e feliz "
Andréa Elaine Sechini

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Educação Física no Brasil: em cada período uma aborgagem



Desde a sua implementação no Brasil, a Educação Física sofreu diversas influências, que, por sua vez, foram responsáveis por determinar os conteúdos transmitidos no contexto escolar. Segue abaixo as influências de acordo com cada principal período:


a)      Período de implementação nas escolas (de 1851 até a década de 1920)
Em 1851, tivemos, no Rio de Janeiro (capital do país da época), a inclusão da Educação Física nos currículos escolares. Nesta época, a disciplina se moldou as ideias higienistas, sofrendo grande influência dos médicos.
Segundo Carmem Lúcia Soares (2007), no livro Educação Física – Raízes Européias e Brasil: “E a ginástica é parte constitutiva da “educação higiênica”, é o seu “complemento necessário” conforme expressão utilizada pelos higienistas, é um complemento que desde o século XIX é prescrito pelos médicos como receita, uma receita que deveria tornar-se hábito e constituir-se em uma “segunda natureza”.
Mais tarde, a partir da década de 1920, a Educação Física (sob o nome de ginástica) passou a fazer parte da rotina de todas as escolas do país devido às reformas educacionais. Esse período ficou marcado pelo início da predominância dos métodos ginásticos europeus e suas relações com o militarismo. No livro Educação Física Progressista de Paulo Ghiraldelli, há um trecho interessante sobre a década de 20, que está aqui transcrito na íntegra: “Em 1921 o Brasil adotou como “método oficial de Educação Física” o “Regulamento n.7”“. Esse foi, obviamente, um marco no sentido de romper com a hegemonia da concepção Higienista e dar impulso à Educação Física Militarista.

b)      Da década de 1930 até o ano 1960.
Oficializa-se o que anteriormente existia apenas como uma forte influência, a partir de 1930, o Método Francês é adotado pelas escolas brasileiras. Nele há uma forte conotação militar, cujo objetivo era melhorar o condicionamento físico dos praticantes, tornando-os cidadãos mais saudáveis, e por conseqüência mais úteis à sociedade, do ponto vista produtivo.

c)      Durante a década de 60.
Dessa década em diante, passa a haver a integração do conteúdo esportivo aos métodos de Educação Física, por meio do Método Desportivo Generalizado, que enfatizava o caráter lúdico das aulas, utilizando o jogo como seu principal conteúdo pedagógico.Acredita-se que essa passagem se deu devido ao fato de o esporte ter se tornado um fenômeno mundial desde a década de 50.

d)      A partir de 1970.
O golpe militar de 1964 transformou o conteúdo das aulas de Educação Física, fazendo do esporte o conteúdo hegemônico de todas as aulas. Um aspecto positivo desse período foi o aumento dos cursos de formação de professores da área, sua consolidação como disciplina obrigatória em todos os níveis de ensino. Entretanto, tivemos outros aspectos mais negativos, como o descaso em relação aos alunos com menores aptidões atléticas devido à busca de talentos necessários ao esporte de rendimento. Desse modo, aqueles alunos que já tinham aptidão física eram ainda mais estimulados, enquanto os outros permaneciam de lado, muitas vezes, sendo ignorados.

e)      A partir de 1980.
A partir dessa década, o modelo anterior passa a sofrer críticas e novas propostas pedagógicas são sugeridas, quando temos uma preocupação social e humanísticas maiores. Segundo o livro Educação Física, Esporte e Diversidade de Marco Paulo Stigger, o processo de abertura política que ocorria no Brasil na época, criou o ambiente propício para o surgimento de várias análises críticas sobre o esporte, que foram baseadas com referências teóricas das Ciências Sociais, que passaram a ganhar destaque na época. Stigger cita a obra de Bracht de 1989, A Busca da Autonomia Pedagógica, que crítica o esporte como conteúdo da aula de educação física, quando este considera que “A criança que pratica esporte respeita as regras do jogo...capitalista”
                                   
REFERÊNCIAS
Soares, Carmen Lúcia. Educação Física – Raízes Europeias e o Brasil. São Paulo: Editora Autores Associados, 2007.

Ghiraldelli, Paulo. Educação Física Progressista. São Paulo: Editora Loyola, 2007.

Stigger, Marco Paulo. Educação Física, Esporte e Diversidade. São Paulo: Editora Autores Associados, 2007.



Pilates e Poesia - A leveza do centro

"Quando atingimos o centro de nós mesmos sentimos uma leveza doce e poderosa. Então a vida flui por nós  e fluimos por ela, como um peixe que respira a água enquanto nada nela"
Andréa Elaine Sechini

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Corpo e Poesia: Fazendo Constraste.

"O que seria da luz sem a sombra? o ser humano é um bicho classificatório que só enxerga o que tem contraste"
Andréa Elaine Sechini

Corpo e Poesia : Visão de mundo

"Só assumindo uma nova posição e se necessário uma nova postura poderemos ver uma velha situação sob um outro ângulo de vista"  Andréa Elaine Sechini

Fazendo Poesia: Flexibilidade e Força

"Quando eu descubri minha própria força, o mundo deixou de ser tão duro para mim
Quando descubri minha flexibilidade, ele se tornou menos duro ainda"
Andréa Elaine Sechini

Atividade Física e Idade Média

Oi pessoal fiquei pensando na existência dos exercícios físicos durante a Idade Média. Fui na biblioteca da USP e peguei um livro bacana chamado  A HISTÓRIA DO CORPO NA IDADE MÉDIA de Jacques Le Goff e Nicolas Truong e transcrevo aqui o trecho que achei mais importante. 

“Os historiadores por muito tempo se perguntaram se “o homem medieval” havia praticado esporte. Ora, parece que os exercícios físicos da Idade Média não se ligam nem ao esporte antigo (grego, em particular) nem ao moderno, isto é, tal como ele foi ele codificado desde o século XIX. O “esporte medieval” não apresenta nem o caráter de referência à sociedade de organização institucional, nem as condições econômicas que foram as do esporte na Antiguidade ou quando de seu renascimento, no século XIX.”
"Os exercícios físicos, porém, tiveram grande importância na Idade Média. Chegaram mesmo a fazer daquilo que Nobert Elias chamou de o "processo civilizador", que consiste sobretudo em "civilizar o corpo". Ora, se aceitarmos a definição de esporte que ele oferece em Sport et civilisation, parece difícil empregar o termo "esporte" para designar os jogos corporais medievais. Pois o esporte não é apenas um "combate físico não violento", mas também uma prática que postula a igualdade social dos participantes, necessita de um lugar específico e reproduzível para a sua prática (estádio, ginásio etc.), de regras compartilhadas pelos adversários, assim como um calendário de competições que lhe seja próprio." No mesmo livro, ainda temos:
"Uma primeira característica dos exercícios medievais reside na separação quase completa entre os jogos corporais cavalheirescos, destinados a adquirir uma formação militar e a exibir as práticas particulares das camadas superiores da sociedade, e os jogos populares. Em uma palavra, a organização de um torneio não é a mesma de um jogo. Não há equipes regulares, nem estádios, para apontar apenas as características mais notáveis. O outro conjunto de exercícios físicos praticados na Idade Média é o das camadas inferiores da sociedade, particularmente dos camponeses. Esses exercícios comportam também um aspecto guerreiro ou indicam no mínimo combates de defesa.
Nada de estádio, nada de circo na Idade Média. Nada de esporte. Pois não existe lugar específico reservado a essas práticas. Campos, vilarejos, praças: são sempre espaços improvisados que servem de terreno para o desenrolar das fortes tensões e das “excitações agradáveis” do corpo, isto é, do corpo-a-corpo em público, para retomar o vocabulário de Norbert Elias.”

Ainda estou lendo o livro e parece que a questão é bem complexa.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dislexia no Cinema Oriental


Em um dos cursos que estou fazendo na área de Educação Física, resolvi apresentar uma espécie de resenha comentada de um filme indiano que assisti sobre crianças com necessidades e talentos especiais. Estou falando do magnífico Taare Zameen Par ou como ficou conhecido no Brasil "Toda criança é especial". O trabalho recebeu pontuação máxima e resolvi postá-lo aqui para insentivar meus alunos, colegas e amigos a assistí-lo também.
Assistam, vale a pena!
Beijo a todos
Andréa 
 
1. ENSINANDO CRIANÇAS COM TALENTOS E NECESSIDADES ESPECIAIS


1.1             INTRODUÇÃO

“Taare Zameen Par”, ou como ficou conhecido no Brasil, “Toda criança é especial” é um filme delicado e questionador que fala da relação da escola e do professor com o aluno. Produzido e dirigido pelo indiano Aamir Khan, este longa-metragem aborda a vida de um garoto de 9 anos que apresenta inúmeros problemas de rendimento e adaptação escolar, enfrentando obstáculos muito sérios de relação com os pais, na vizinhança e na escola. Toda a história gira em torno da falta de preparo da sociedade em identificar e auxiliar indivíduos que portam necessidades ou talentos especiais, ou ambos simultaneamente.

1.2 DESENVOLVIMENTO

Ishaan Awasthi, o sonhador garoto, já repetiu uma vez o terceiro ano do sistema educacional indiano e corre o risco de repeti-lo novamente. As letras dançam em sua frente, como ele próprio diz, e não consegue acompanhar as aulas nem focar sua atenção. Na aula de inglês há uma passagem muito bem dramatizada na qual fica claro que o garoto apresenta algum problema cognitivo. A professora está explicando a matéria para a turma que presta atenção, enquanto isso Ishaan se distrai com fatos que ocorrem fora da sala de aula. A professora percebe sua distração e pede que ele leia o trecho que os alunos estão estudando. Ele nem consegue encontrar a página correta e um colega de turma o ajuda a faze-lo. Após tentar ler o trecho inúmeras vezes sem sucesso e sendo pressionado de forma cada vez mais intensa pela professora, ele reclama que as letras estão dançando. Toda a turma ri com a sua colocação e a professora se altera. Por fim, incapaz de ler o trecho, ele começa a gritar e a cena termina com a professora colocando-o para fora da sala de castigo. Ele passa toda a aula de inglês em pé, do lado de fora da classe. Neste momento, outros alunos mais velhos, passam e chacoteiam dele, com frases do tipo: “hei garoto, de novo ?”, “e aí, o que aprontou dessa vez?”, com isso entendemos que esse tipo de acontecimento é bem corriqueiro na vida do garoto. Durante todo o filme, é mostrado que ele tem claros talentos artísticos que não são explorados, mas sim fracamente ignorados. Ele desenha historinhas, faz um uso muito especial das tintas e lápis, mas recebe pouco estimula para se dedicar a essas tarefas.

Quando ele retorna do castigo para a próxima aula, seus colegas de classe o lembram, em tom jocoso, que ele deveria ter trazido as últimas provas de matemática assinadas. Nesse momento, percebemos todo o risco que corre a criança com deficit de atenção, pois ele resolve matar a aula de matemática e ficar andando a esmo pelas ruas da cidade, já que havia dado suas provas para os cachorros rasgarem. À noite ele implora ao irmão que o encubra, falsificando a assinatura da mãe em uma carta que justifica sua falta na aula devido a uma febre repentina. O irmão, à contra gosto, faz o que ele pede.
 Há também uma outra passagem marcante, na qual Ishaan está sentado desenhando enquanto os garotos da vizinhança jogam bola. A bola escapa e se aproxima dele, os garotos pedem para que ele arremesse a bola de volta, mas em um total gesto de descoordenação motora, ele lança a bola além dos muros. O garoto líder fica muito bravo e os dois brigam. A mãe do garoto vem queixar-se aos pais dele.
Em casa, todos os problemas do garoto de ritmo e foco se repetem em contraste com a organização do pai, mãe e irmão que seguem a agenda de uma vida produtiva. O valor está nessa pressa, na produtividade, como se isso fosse sinônimo de determinação, empenho e eficácia. Como bem colocou Rosely Sayão, “A pressa tomou conta de nossas vidas. Corremos desde que acordamos... Incentivamos a corrida sem fim dos mais novos: queremos que aprendam tudo rapidamente e cedo...”. Vivemos o ritmo desenfreado do capitalismo, tão marcado pela frase “tempo é dinheiro”. [1]
Seu pai acredita apenas na hipótese de falta de disciplina e trata Ishaan com muita rudeza e falta de sensibilidade, visto que quase todos, de vizinhos aos professores, tratam-no como se ele fosse realmente uma “criança problema”: distraído, irrequieto e briguento.  Após serem chamados na escola para falar com a diretora, o pai do garoto decide levá-lo a um internato, e devido à postura submissa da mulher indiana, a mãe não concorda, mas se cala e acata a decisão do marido. No internato, Ishaan Awasthi se depara com uma realidade ainda mais dura do  ponto de vista pedagógico, pois é um local onde realmente prevalece a ordem e a disciplina, e os professores se põem a despejar matérias e conteúdos sem se preocuparem com a forma como os alunos assimilam tais ensinamentos, afinal todos são submetidos a inúmeros testes. Neste colégio, as aulas são mais intensas e exigentes, de modo que  seus problemas de aprendizado e adaptação tornam-se ainda mais evidentes. O filme revela a percepção que ele tem das lições e conteúdos pedagógicos e podemos compreender a vida, sob a perspectiva de uma criança com dislexia. A lousa, por exemplo, se torna apenas um bloco branco repleto de rabiscos e símbolos ininteligíveis, e por isso ele busca descansar seus olhos na imagem de um pequeno lago, ou qualquer coisa que ocorra fora da aula.

Nesse ponto sentimos toda a dor e desolação de ser deixado em um colégio interno, longe dos pais e do irmão, dos quais tanto gosta. As aulas de Educação Artística são uma verdadeira decepção para Ishaan, visto que ele se depara com um professor cruel e mal humorado. O professor observa impaciente a distração dele, e faz um ponto na lousa e em seguida pede que Ishaan o localize, e quando este não consegue o professor o castiga severamente com a palmatória, visto que a filosofia do internato é a de “domar cavalos selvagens”.
No colégio interno, ele conhece Rajan Damodaram e o professor de literatura os coloca para sentarem-se juntos, visto que este é o melhor aluno da turma. Surge uma amizade verdadeira entre os dois garotos, e Rajan passa a se preocupar com a felicidade de Ishaan. Há um momento crucial em Rajan o surpreende em pé sobre o cercado de um precipício, em uma atitude visivelmente depressiva. Neste momento a vida de Ishaan começara a mudar, pois o amigo insiste que ele vá à aula com o professor substituto de Educação Artística. Há muito tempo que o garoto já não desenha mais.

 Nessa aula substitutiva ele encontra um professor atento e dedicado que acaba por trazê-lo de volta à vida, com seu jeito diferente de educar. O professor de artes logo percebe que o garoto está profundamente deprimido, pois não responde a sua forma espontânea e divertida de ministrar aulas, visto que ele se apresenta aos alunos fantasiado, tocando uma flauta e convidando-os a dançar, cantar e, depois, desenhar livremente, deixando a imaginação correr solta no papel, livre de julgamentos: “Divirtam-se, estão livres para desenhar o que quiserem!”. Ou seja, tudo que Ishaan fazia antes de começar a sofrer opressão e violência no ambiente escolar e familiar.

Nesse momento, a decisão do professor substituto de interferir de forma positiva e consciente no destino do garoto torna-se fundamental, do contrário não haveria um fim construtivo para tamanho sofrimento. O professor ensina também em uma escola para crianças com necessidades especiais, além disso, quando criança ele também sofrera muito com a dislexia, e por isso pode identificar rapidamente essa síndrome em Ishaan. O professor toma o caso para si, assumindo inúmeras responsabilidades, indo à casa dos pais do garoto explicar-lhes sobre a dislexia, e chega a entrar em embate com o pai dele. No colégio, ele também o defende, provando para o diretor que o menino tem um talento especial em artes visuais, embora apresente inúmeras dificuldades em outras disciplinas. Por fim, o professor organiza um concurso de arte que envolve todo o colégio e no qual fica claro que cada pessoa possui pontos fracos e fortes, e enquanto alguns possuem muitas dificuldades em artes, outros se sobressaem. O filme termina com Ishaan vencendo o concurso, e finalmente sendo compreendido por todos que o cercam.


1.3 CONCLUSÃO
                 O filme nos faz pensar sobre a dura realidade de crianças portadoras de talentos e necessidades especiais, pois frequentemente não são compreendidas em nenhum desses dois aspectos, visto que principalmente no sistema educacional brasileiro há inúmeras deficiências para identificar e amparar esses sujeitos.
                 Podemos pensar no quanto, na qualidade de educadores, estaremos preparados para lidar com problemas como a dislexia, visto que para termos uma postura acertada, precisamos de conhecimento, de especialização, do apoio de associações e estudiosos, e da participação da família e da sociedade. Sabe-se que para compreender melhor a dislexia devemos nos remeter ao entendimento do ser humano: de quem somos, do que é memória, pensamento, percepção e linguagem.
                 Para se ter uma idéia da importância de discutiremos essa temática, cabe lembrar que os estudos mais abrangentes e sérios sobre o assunto, registram 20% da população americana como dislexa, ou seja, de cada 10 alunos em sala de aula, dois são disléxicos, com algum grau considerável de dificuldade na aprendizagem. Além disso, é relevante citar que estudos de universidades americanas revelam que entre 70% e 80% dos jovens delinqüentes do EUA apresentam alguma dificuldade de aprendizado.
                 No tocante à Educação Física, cabe-nos lembrar que a dislexia, assim como outras síndromes, pode causar ao portador muitas dificuldades de coordenação motora e consciência corporal. Entre os sintomas e sinais da dislexia podemos salientar os seguintes, lembrando que muitos deles afetam diretamente o desenvolvimento do aluno nas aulas de Educação Física e na vida, e podem ser facilmente percebidos por um profissional atento, são eles:

1 - atraso no desenvolvimento motor desde a fase do engatinhar, sentar e andar;
2 - atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o balbucio á pronúncia de palavras;
3 - parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo;
4 - distúrbios do sono;
5 - enurese noturna;
6 - suscetibilidade à alergias e à infecções;
7 - tendência à hiper ou a hipo-atividade motora;
8 - chora muito e parece inquieta ou agitada com muita freqüência;
9 - dificuldades para coordenar movimentos;
10 - dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares.
11- dificuldade com lateralidade, entre muitos outros sintomas e sinais.[2]
Assim, munidos de mais informações podermos ajudar de forma mais acertada e duradoura essas crianças que cruzarem nossos caminhos, para tanto disseminando a idéia do filme, de que toda criança é realmente especial e deve ser tratada com respeito, profissionalismo e humanidade.

1.4 REFERÊNCIAS
Ciasca, S. M. (Org). Distúrbios de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.


Ultimo acesso em 07/08/2011

[2] Os sintomas e sinais da dislexia estão acessíveis nos site: http://www.dislexia.com.br/sintomas.htm
Ultimo acesso em 07/08/2011