quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Educação Física no Brasil: em cada período uma aborgagem



Desde a sua implementação no Brasil, a Educação Física sofreu diversas influências, que, por sua vez, foram responsáveis por determinar os conteúdos transmitidos no contexto escolar. Segue abaixo as influências de acordo com cada principal período:


a)      Período de implementação nas escolas (de 1851 até a década de 1920)
Em 1851, tivemos, no Rio de Janeiro (capital do país da época), a inclusão da Educação Física nos currículos escolares. Nesta época, a disciplina se moldou as ideias higienistas, sofrendo grande influência dos médicos.
Segundo Carmem Lúcia Soares (2007), no livro Educação Física – Raízes Européias e Brasil: “E a ginástica é parte constitutiva da “educação higiênica”, é o seu “complemento necessário” conforme expressão utilizada pelos higienistas, é um complemento que desde o século XIX é prescrito pelos médicos como receita, uma receita que deveria tornar-se hábito e constituir-se em uma “segunda natureza”.
Mais tarde, a partir da década de 1920, a Educação Física (sob o nome de ginástica) passou a fazer parte da rotina de todas as escolas do país devido às reformas educacionais. Esse período ficou marcado pelo início da predominância dos métodos ginásticos europeus e suas relações com o militarismo. No livro Educação Física Progressista de Paulo Ghiraldelli, há um trecho interessante sobre a década de 20, que está aqui transcrito na íntegra: “Em 1921 o Brasil adotou como “método oficial de Educação Física” o “Regulamento n.7”“. Esse foi, obviamente, um marco no sentido de romper com a hegemonia da concepção Higienista e dar impulso à Educação Física Militarista.

b)      Da década de 1930 até o ano 1960.
Oficializa-se o que anteriormente existia apenas como uma forte influência, a partir de 1930, o Método Francês é adotado pelas escolas brasileiras. Nele há uma forte conotação militar, cujo objetivo era melhorar o condicionamento físico dos praticantes, tornando-os cidadãos mais saudáveis, e por conseqüência mais úteis à sociedade, do ponto vista produtivo.

c)      Durante a década de 60.
Dessa década em diante, passa a haver a integração do conteúdo esportivo aos métodos de Educação Física, por meio do Método Desportivo Generalizado, que enfatizava o caráter lúdico das aulas, utilizando o jogo como seu principal conteúdo pedagógico.Acredita-se que essa passagem se deu devido ao fato de o esporte ter se tornado um fenômeno mundial desde a década de 50.

d)      A partir de 1970.
O golpe militar de 1964 transformou o conteúdo das aulas de Educação Física, fazendo do esporte o conteúdo hegemônico de todas as aulas. Um aspecto positivo desse período foi o aumento dos cursos de formação de professores da área, sua consolidação como disciplina obrigatória em todos os níveis de ensino. Entretanto, tivemos outros aspectos mais negativos, como o descaso em relação aos alunos com menores aptidões atléticas devido à busca de talentos necessários ao esporte de rendimento. Desse modo, aqueles alunos que já tinham aptidão física eram ainda mais estimulados, enquanto os outros permaneciam de lado, muitas vezes, sendo ignorados.

e)      A partir de 1980.
A partir dessa década, o modelo anterior passa a sofrer críticas e novas propostas pedagógicas são sugeridas, quando temos uma preocupação social e humanísticas maiores. Segundo o livro Educação Física, Esporte e Diversidade de Marco Paulo Stigger, o processo de abertura política que ocorria no Brasil na época, criou o ambiente propício para o surgimento de várias análises críticas sobre o esporte, que foram baseadas com referências teóricas das Ciências Sociais, que passaram a ganhar destaque na época. Stigger cita a obra de Bracht de 1989, A Busca da Autonomia Pedagógica, que crítica o esporte como conteúdo da aula de educação física, quando este considera que “A criança que pratica esporte respeita as regras do jogo...capitalista”
                                   
REFERÊNCIAS
Soares, Carmen Lúcia. Educação Física – Raízes Europeias e o Brasil. São Paulo: Editora Autores Associados, 2007.

Ghiraldelli, Paulo. Educação Física Progressista. São Paulo: Editora Loyola, 2007.

Stigger, Marco Paulo. Educação Física, Esporte e Diversidade. São Paulo: Editora Autores Associados, 2007.



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